Reedição
Fotos: Marçal Lemos
Um dia inigualável é o que temos
que descrever ao conhecermos pessoalmente, num sábado de carnaval, um dos
maiores sinologistas brasileiros. Riccardo Joppert fala-nos da sua aventura
como diplomata, sinologista escritor e colecionador. O mesmo foi autor de
diversos trabalhos voltados aos estudos sinológicos e a origem do bonsai. Um
deles intitulado “A Pintura Chinesa e a Arte do Bonsai - Possíveis
convergências” foi divulgado, na íntegra, aqui no blog. Como amante da cultura
oriental, por onde passou, foi colecionando cerâmica, mobiliário chinês e
diversos outros objetos. Alguns deles com mais de 4500 anos de idade. Confira!
Perguntas
1-O que levou vc a sinologia e
qual o seu enfoque dentro dos estudos sinológicos?
R: O sentimento de missão de
salvaguardar e difundir uma civilização, que por seus valores, não se restringe
ao espaço geográfico da china, mas espraia-se para o contexto da humanidade.
2-Há quanto tempo vc vem
estudando a civilização chinesa?
R: Há mais de 50 anos.
3-O que de novo existe dentro do
universo da sinologia?
R: As descobertas arqueológicas
vêm-se multiplicando. A compreensão do espírito shen, que inspirou a arte
vem-se expandindo.
4-Quando e como começou o seu interesse pela Arte do bonsai?
R: Concomitantemente desconhecer
a arte do bonsai seria desconhecer a china e o Japão. O universo reflete-se no
microcosmo.
5-Sabemos que existem poucas
evidências documentais para o melhor entendimento da origem do Bonsai no mundo,
mas que a arte de miniaturização, ou minimalista, teve seu início na China nos
seus primórdios, e que eles chamavam-na de Penjing. Nos seus estudos, quais são
as evidências materiais mais comprobatórias para o surgimento desta arte?
R: Existem evidências
arqueológicas de que no século VII a arte do bonsai estava perfeitamente
estabelecida na china, na sua fase madura.
6-Quais são as artes relacionadas
que ajudaram a exemplificar o surgimento do Penjing na China e qual delas a seu
ver é a que mais corrobora?
R: Cerâmica e Porcelana.
7-Na sua visão, qual seria a
influência do Penjing naquela época?
R: A China tendo atingido uma
fase de urbanismo, houve necessidade de transferir atmosfera rural para as
cidades. Como consequência, foi à recriação do macrocosmo no microcosmo, o
mundo em escala reduzida num vaso de planta. Naquela época houve um urbanismo
que obrigou os chineses a terem jardins em miniatura, uma vez que eles não
podiam ter grandes propriedades.
8-A forma de reproduzir uma
paisagem em miniatura na China, o Penjing, impressiona muitas pessoas até hoje
e que a mesma é cultuada por uma maioria masculina. O que vc tem a dizer sobre
isso?
R: A necessidade interior de
compreender a vida.