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Niterói, Rio de Janeiro, Brazil
Sou Biólogo e entusiasta na Arte do Bonsai desde 1991. Montei esse blog para compartilhar alguns dos trabalhos que venho desenvolvendo, bem como compartilhar também algumas idéias e assuntos relacionados à arte. Gostaria muito da sua participação. Seja bem vindo!

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terça-feira, 14 de julho de 2009

Técnicas para modelagem de um Flamboyant - Parte II



INCISÕES
As incisões ou riscos na base da planta são realizados, para se conseguir imitar com fidelidade as raízes tabulares (projeções basais) que ocorrem em alguns casos nos exemplares em tamanho natural de um flamboyant. Essas são realizadas durante a fase ativa e respeitando o sentido das raízes laterais do exemplar em questão. São escolhidas pelo menos umas cinco raízes laterais para se reproduzir esse sistema radicular, ou tecnicamente falando o “nebari” da planta. Porém antes de fazer tem que se retirar a raiz primária, chamada também de “raiz pivotante”, e outras que estão indo para baixo. As incisões têm que estar alinhadas com as raízes e são realizadas longitudinalmente. Esse procedimento não irá estimular o surgimento de novas raízes e sim irá estimular a cicatrização no local. Para tanto, deixe a área riscada acima do solo, já as raízes, podem ficar enterradas até que consigamos obter as projeções desejadas. Quanto ao comprimento destas incisões é de acordo com o gosto de cada um.
Não é necessário fazer uso de qualquer tipo de cicatrizante, apenas faça esta intervenção salvo a planta estar em bom estado de saúde. É importante também esperar fechar, cicatrizar o corte, para repetir este procedimento. Até que isso aconteça, observa-se que os cortes apresentam uma coloração diferenciada do tronco. Quando a área estiver com a coloração homogênea refaça as incisões nos mesmos locais, respeitando sempre a fase ativa da planta. Melhor deixar ele praticamente fechar a cicatriz, para poder ter tecido vivo para cortar. Utilize um bisturi ou mesmo um estilete limpos para fazer as incisões. Depois que houver a cicatrização, obviamente não aparecerá o corte que se fez e só depois disso que é refeito este procedimento. Ao tomar estas precauções notamos que formará uma projeção na parte basal do tronco, então teremos que repetir essas incisões até que fiquem bem proeminentes e tão similares como as raízes tabulares de um exemplar em tamanho natural. As incisões são realizadas uma vez por ano, respeitando cada ciclo anual da planta. Escolha os exemplares que estão com pelo menos uns 2 cm de diâmetro ou os que já estão com casca no tronco.

Pode-se fazer este tipo de trabalho quando a planta sair do estágio de letargia e em plena atividade, sempre apresentando boa saúde. Porém ainda não é feito nas raízes. Estas chegam bem próximas e são mantidas neste momento recobertas com solo. Quando a planta estiver mais desenvolta quanto às projeções se dá início as incisões nas raízes. O motivo seria de elas estarem gerando tecidos novos que iriam recobrir a ferida anterior e ao contato com o solo, ficariam vulneráveis a contaminação. A cicatrização faz com que o caule fique mais grosso na seção onde foram realizadas as intervenções, ao mesmo tempo as raízes, que estão enterradas, vão engrossando também. Para imitar o nebari de um Flamboyant, é necessário fazer incisões sucessivas nas áreas pré-determinadas, conforme anteriormente descrito, sempre respeitando o sentido das raízes laterais. Salvo exemplares não muito pequenos não existem restrições quanto às incisões serem profundas.
Ao se fazer a próxima troca de solo no final do inverno, início da primavera e vendo que já existem calosidades na base, que são as projeções basais descritas, pode-se reduzir bem o volume das raízes. Agindo assim, haverá uma maior redução das folhas. Chegando o outono, retire todas as folhas deixando apenas as hastes que sustentam os pecíolos. Com isso e controlando as regas, mais compactação iremos conseguir com relação à folhagem. As incisões têm que ser realizadas quando a planta estiver em plena atividade, que compreende os meses mais quentes do ano. No inverno não é conveniente tomar deste procedimento, pois a planta está com o seu metabolismo baixo.

8 comentários:

  1. Essa matéria tem sido alvo de maior visitação neste blog.

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  2. Em que momento devo inicar a amarração para se fazer um bonsai de flamboyant mas gostaria que tivesse até 1 metro este bonsai. Esta serpa minha primeira tentativa com bonsai, aprendendo com você.
    Daniela - danipastana@gmail.com

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  3. Daniela,

    Antes de tudo peço mil desculpas por estar escrevendo só agora pra você. Espero que ainda esteja em tempo.
    A aramação é realizada a partir da planta ainda muito jovem, com o diâmetro de tronco de aproximadamente uns 2,5cm. Geralmente exemplares de Flamboyant deste tamanho sustenta apenas uma haste principal com algumas poucas folhas compostas. Mas é neste momento que começamos a modelar a espécie, para conseguirmos alcançar algo mais refinado como bonsai.
    Favor ler também os comentários feitos no texto anterior, na primeira parte das "Técnicas para Modelagem de um Flamboyant". Qualquer dúvida a mais é só perguntar.

    Grato pela sua participação!

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  4. Achei muito bom seus artigos sobre fazer bossai de Flamboyant. Tenho um Flamboyant em casa, mas vou mudar, e ele é de muita estimação, pois foi minha mãe, que já faleceu, quem me deu a muda. Então fiquei super interessada em tentar fazer um bonssai com uma muda da minha árvore. A dúvida inicial é: em qual tamanho de vaso devo iniciar minha muda e com qual frequência devo ir mudando o vaso, ou se já devo cultivá-lo no mesmo vaso sempre. Se for possível queria saber as dimensões ideais do vaso, profundidade, essas coisas. Obs.: vai ser minha primeira tentativa de fazer um bonsai. Muito Obrigada.
    Fernanda
    Uberlândia-MG

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  5. Fernanda,

    Pelo o que eu entendi você irá fazer a semeadura. Então pode colocar para germinar em qualquer recipiente desde que este tenha bons drenos para passagem da água. È importante também que você consiga um substrato granuloso e que não desmanche com facilidade. Sendo assim peneire-o e acrescente a composição deste um pouco de areia utilizada em construção. Fazendo assim, você conseguirá interstícios benéficos a aeração, ao bom enraizamento e a permeabilidade neste substrato.

    Quanto à troca de solo esta é periódica, porém o prazo varia e está relacionado a fatores como: idade do seu exemplar de Flamboyant; volume do recipiente onde ele se encontra; tipo de adubação utilizada, periodicidade da adubação, rega e tipo do substrato utilizado, dentre outras coisas mais.

    Por gentileza, me diga as dimensões do seu exemplar de Flamboyant e do recipiente onde ele se encontra caso este já seja uma muda.

    Não se esqueça de ler também as discussões logo abaixo dos textos, pois estas ajudam a elucidar ainda mais o manejo e as técnicas empregadas para a espécie.

    Obrigado por sua participação!

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  6. Cláudio, muito obrigada pelas dicas. O Flamboyant que tenho já é bem grande e ele está plantado normal mesmo (tem uns 7 anos), aí pretendo fazer as mudas com as sementes dele e a partir das mudinhas tentar fazer o bonsai. Mais uma vez obrigada pela atenção.

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  7. Olá, Cláudio.

    Tenho sementes de Canafístula-Branca (Peltophorum dubium) e gostaria de saber se esta espécie é adequada para bonsai. Quero dizer, me disseram que todas as árvores são, mas, as folhas, as flores, não ficam desproporcionais? Que tamanho você recomendaria para o "bonsai final"? A partir de quanto tempo deveria começar a "mexer nela"?! E as folhas, por serem compostas, merecem cuidado especial? Como diminuílas?

    Desculpa por tantas perguntas ^^

    Agradeço desde já!

    (também pode responder por e-mail: helena-m-f@hotmail.com)

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  8. Nick,

    Ainda não fiz modelagem com esta espécie. Assim como o Flamboyant a Canafistula não é uma das mais indicadas para bonsai, mas porque não tentar, não é verdade?
    Qto ao início da modelagem, folhas, flores e frutos grandes siga as recomendações descritas nos três textos sobre Flamboyant.
    Tendo êxito não deixe de divulgar.

    Obrigado pela sua participação!

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